sábado, 6 de fevereiro de 2010
Como a carruagem virou abóbora
Convidada por uma conhecida, que até então eu julgava amiga, fui a uma casa noturna e para tal escolhi um modelito inusitado. Eu estava meio cheinha, então coloquei uma camisa larga e uma blusa mais ou menos justa por cima. Analisando hoje eu vejo que as pessoas me viram como uma pessoa original, autêntica e com estilo. Alternativa, se preferir. Não apenas mais uma mulher de tubinho preto, mas alguém que acima de tudo tinha ousadia o suficiente para se vestir fora do padrão e que sustentava essa ousadia. Os homens ficaram entusiasmados comigo. Mas, mais que posar de celebridade, eu estava curtindo uma onda social, de simpatia sincera, na qual não acredito mais. Eu estava com uma energia realmente boa, e atraía as pessoas para perto de mim. Se um daqueles personagens dessa noite me visse hoje, apagada como estou, não me reconheceria. Talvez o travo com o qual dormi na boca aquele dia tenha me contaminado para sempre, depois de ter sido abandonada num posto de gasolina e tendo lá ficado sozinha por um bom tempo, passando-me por sei-lá-o-quê para as pessoas que por ali passaram e com algumas das quais também ousei trocar alguma ideia. Todo esse tempo passado no posto para sustentar a mentira para o pai da "amiga", ela que enquanto isso estava num motel se divertindo com um cara qualquer, mas o papai dela não podia saber disso, por isso tínhamos que chegar juntas ao nosso prédio. Na verdade, ingenuamente, no dia não me dei conta, relevei, achei que estava "quebrando o galho" para a "amiga", mas hoje vejo o papel ridículo que prestei!
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