quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Gigolô

Parece irônico, mas o que a salvou foi aquele rapaz que tinha servido ao tráfico. De toda forma, ele tentava se regenerar cursando uma faculdade e estudando como um louco. Louco era o que realmente aparentava ser. As mulheres achavam-no bonito. Mas dizem que os maníacos sexuais têm mesmo essa química com as mulheres... Ele a salvou por aquilo que sabia fazer melhor, por aquilo no qual tinha se especializado: pelo sexo.

Um comentário:

  1. E ela se apaixonou por ele e, antes disso, ele por ela, e, por isso, para ela, ele não cobrava. Fazia seus serviços - e de excelente qualidade - gratuitamente. Mas ela também o salvou, ajudou-o a recuperar sua dignidade e, apesar de saber de seus crimes e de seu envolvimento com o tráfico no passado, era condescendente para com ele - ela que já tinha começado a cursar faculdade de serviço social e que acreditava na regeneração das pessoas.

    Mas aconteceu. Após dois anos e alguns meses de namoro, ele se apaixonou por outra e ela, por outros motivos, se mudou para longe. Ela deixou o ex sob tutela da outra, passou o bastão. "Ela cuida de você por mim", disse ela a ele.

    Mas os anos passaram e ela nunca o esqueceu. Começou a nutrir um ódio por ele e lembrou de seus crimes: quase deixou de acreditar na regeneração dos bandidos.

    Começou a nutrir um ódio também pela outra, que lhe roubara seu amor. E pensava: sou eu a "noiva-cadáver", ou é ela? Quem vai perecer sete palmos abaixo da terra e quem vai ficar com o noivo?

    No filme "A noiva cadáver", a personagem que dá título ao filme abre mão de seu amor para deixar os dois pombinhos se amarem e se eteriza, libertando-se de seu corpo roído pelos vermes. Acho que a "noiva-cadáver" é mesmo aquela que salvou e foi salva. Só resta ela se livrar do corpo e dos vermes.

    ResponderExcluir